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 | 03/04/2005 19h38min

Críticos dizem que papado foi marcado por contradições

Grupos católicos reformistas exigiam mais agilidade nos casos de pedofilia

Enquanto líderes mundiais saudaram o papa João Paulo II como uma força para a paz, católicos reformistas críticos de suas posições tradicionalistas sobre dogmas da Igreja analisavam seu papado de 26 anos, que se encerrou com sua morte no sábado, dia 2. Os que apoiaram a conduta do papa polonês dizem que ele desempenhou um importante papel na queda da Cortina de Ferro na Europa, mas católicos liberais disseram que seu apoio aos direitos humanos confronta-se à sua posição quanto a padres casados, mulheres ordenadas, contracepção e aborto.

– Seu pontificado foi cheio de contradições. João Paulo II foi um defensor dos direitos humanos na vida secular, mas não aplicou essa crença na própria Igreja – disse em um comunicado o We are Church (Nós Somos Igreja), uma rede internacional de grupos que visam reformar a Igreja Católica.

Segundo o grupo, "entre os direitos humanos que ainda pedem reconhecimento na Igreja estão: igualdade de gêneros – incluindo a ordenação de mulheres, o direito dos padres ao casamento... o direito de ser respeitado por sua orientação sexual, e a moral adulta dos laicos em decisões a respeito de reprodução e do uso de preservativos para prevenir a disseminação do vírus HIV-AIDS.  O We are Church foi criado depois que o então chefe da Igreja austríaca, cardeal Hans Hermann Groer, foi acusado em 1995 de abusar sexualmente de garotos. O Vaticano o substituiu meses depois. O papa respondeu muito vagarosamente a escândalos similares em outros lugares durante seu papado, afirmou o grupo, que diz ter membros em mais de 20 países em todos os continentes.

– O escândalo de pedofilia expôs a maior violação aos direitos humanos na história da Igreja em geral. Apesar de João Paulo II reconhecê-lo afinal como um escândalo, o caso pedia ações muito mais fortes e muito mais rapidamente – disse o grupo.

Grupos reformistas também criticam a maneira como o papa centralizou as decisões no Vaticano e deixou sua burocracia, a Cúria, disciplinar teólogos críticos. Apesar de ele ser profundamente comprometido com reforma e diálogo no mundo como um todo, ele fortaleceu as estruturas centralizadas e autoritárias da própria Igreja. Isso gerou um clima de medo e de rigidez – disse o We are Church. O maior grupo reformista católico dos Estados Unidos Call to Action-CTA (Chamado para a Ação), concorda.

– A Igreja Católica foi sem dúvida ajudada por sua força e profunda piedade pessoal, mas parte de sua energia e criatividade também foi limitada pela cultura autoritária do Vaticano nas últimas décadas – disse a porta-voz do CTA, Linda Pieczynski.

Outro grupo americano, FutureChurch (Igreja do Futuro), disse que o poder autoritário pode ter ajudado a igreja polonesa a sobreviver ao comunismo, mas "também limitou a habilidade do catolicismo em todo o mundo para responder criativamente aos desafios do século 21". O cardeal de Viena, Christoph Schoenborn, visto como um possível sucessor de João Paulo II, disse que o papa morto defendeu o que ele achava que estava certo apesar da opinião pública e não pode ser classificado como conservador ou progressista.

– Ele era simplismente um homem muito grande para isso – disse Schoenborn à TV estatal da Áustria.

As informações são da agência Reuters.

 
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